segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Brasil: "um país de todos" ou "um país de poucos"?



     Sabe o que valorizo e busco nas pessoas? O caráter, a humildade, a simplicidade, honestidade e sinceridade e a forma de tratar as pessoas, independentemente, da condição social, cor, raça e etnia. São estas pessoas que procuro estar perto, que me sinto bem quando as vejo, quando troco um “dedinho” de conversa com elas. Sabem o que me dá nojo? Os racistas, hipócritas, falsos, mentirosos, os invejosos, os que só têm ‘capa’ e um ‘conteúdo’ pobre e, ainda, aqueles que são negros, mas que desvalorizam e negam a sua própria identidade, quando não assumem, verdadeiramente, o que são, preferindo nomear a sua cor de “moreno, chocolate-claro, moreno-claro, moreno-amarelo, moreno-bronzeado, quase-branco” (MOURA, 1988, p. 63), um fato repugnante até de se pensar. E quando alguém lhes chamam, sem preconceito, de negro, partem para a briga sem motivo. O fato é que muitos negros se discriminam e, ao mesmo tempo, ajudam a permanecer, cada vez mais, a divisão entre os seres humanos, um ideal implantado pelo colonizador dominador, de que o branco é uma espécie de ser humano e o negro é outra (MOURA, 1988).
    O Brasil procura ser um país igualitário, “um país de todos”, mas, a meu ver, ele ainda não é, só tenta, porque o nosso país continua cristalizando e vivendo o ideal implantado pelos colonizadores, isto é, a divisão entre os seres humanos. Mas como? Com cota para negros e índios nas Universidades Estaduais e Federais, pois isso, claramente, mostra a divisão entre os seres racionais, em outras palavras, a cota quer dizer que os negros e os índios sabem menos que os brancos, e que por isso precisam de cotas para não precisar disputar, igualmente, com os brancos. Ora bolas, não existem pessoas ‘burras’, porque Deus deu a capacidade para todos, acredito que, muitos se diminuem, por preguiça e desinteresse, pois tanto os brancos, como os negros e os índios são sim inteligentes e capazes de conquistar o que almejam, bastam acreditar em si próprios e se dedicar e ir em busca, incessantemente, do que desejam. Visto que, muito do que vem fácil e de graça não tem tanto valor. 

      Com as cotas, acrescenta-se mais outro preconceito, subentendido, como o fato de tirar dos brancos o direito de disputar, por igual, com os negros as vagas em cursos de várias Universidades, como também o direito que os brancos têm de ter as mesmas facilidades e oportunidades que os negros têm em inúmeras Universidades. Esse fator faz com que surja outra problemática, pois com o objetivo de ingressar em cursos públicos, com facilidade, muitos brancos e negros (que afirmam ser morenos claros e não negros) estão declarando, por escrito, que são negros, isto é, descendentes de negros. Interessante isso não é? Quando se trata de um benefício, muitos negros e brancos se declaram negros, por escrito, não é nem moreno-claro, mas negro mesmo, no entanto quando se trata da própria identidade, muitos respondem para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) que são morenos claros. É meu caro Brasil, tu tens pela frente uma longa jornada, se queres que um dia seja, realmente, “um país de todos”, porque, ainda, é “um país para poucos”. Será que vai mudar essa situação um dia? Acho difícil, porque a maioria da população está mais preocupada com a própria vida (casa, marido/esposa, salário, trabalho, filhos, contas, diversão, programas de TV, rádio e jornais), estes fatores que distraem a atenção da sociedade brasileira, é isso que os governantes querem, uma sociedade muda, surda e cega quando se trata dos problemas sociais.
  
 Finalizando: eu sou negra, amo e valorizo minha cor, e não a nego, porque ela é a minha identidade. Sou descendente de negros, os quais fazem parte da história do nosso Brasil, assim como os brancos e os índios. Reitero, valorizo nas pessoas o caráter, humildade, honestidade e sinceridade, e não a sua COR, e muito menos a CONDIÇÃO FINANCEIRA.




Referência:
MOURA, Clóvis: Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1988. 

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