Sabe o que valorizo e busco nas
pessoas? O caráter, a humildade, a simplicidade, honestidade e sinceridade e a
forma de tratar as pessoas, independentemente, da condição social, cor, raça e
etnia. São estas pessoas que procuro estar perto, que me sinto bem quando as
vejo, quando troco um “dedinho” de conversa com elas. Sabem o que me dá nojo?
Os racistas, hipócritas, falsos, mentirosos, os invejosos, os que só têm ‘capa’
e um ‘conteúdo’ pobre e, ainda, aqueles que são negros, mas que desvalorizam e
negam a sua própria identidade, quando não assumem, verdadeiramente, o que são,
preferindo nomear a sua cor de “moreno, chocolate-claro, moreno-claro,
moreno-amarelo, moreno-bronzeado, quase-branco” (MOURA, 1988, p. 63), um fato
repugnante até de se pensar. E quando alguém lhes chamam, sem preconceito, de
negro, partem para a briga sem motivo. O fato é que muitos negros se
discriminam e, ao mesmo tempo, ajudam a permanecer, cada vez mais, a divisão
entre os seres humanos, um ideal implantado pelo colonizador dominador, de que
o branco é uma espécie de ser humano e o negro é outra (MOURA, 1988).
O Brasil procura ser um país igualitário, “um
país de todos”, mas, a meu ver, ele ainda não é, só tenta, porque o nosso país continua
cristalizando e vivendo o ideal implantado pelos colonizadores, isto é, a
divisão entre os seres humanos. Mas como? Com cota para negros e índios nas
Universidades Estaduais e Federais, pois isso, claramente, mostra a divisão
entre os seres racionais, em outras palavras, a cota quer dizer que os negros e
os índios sabem menos que os brancos, e que por isso precisam de cotas para não
precisar disputar, igualmente, com os brancos. Ora bolas, não existem pessoas
‘burras’, porque Deus deu a capacidade para todos, acredito que, muitos se
diminuem, por preguiça e desinteresse, pois tanto os brancos, como os negros e
os índios são sim inteligentes e capazes de conquistar o que almejam, bastam
acreditar em si próprios e se dedicar e ir em busca, incessantemente, do que
desejam. Visto que, muito do que vem fácil e de graça não tem tanto valor.
Com as cotas, acrescenta-se mais outro
preconceito, subentendido, como o fato de tirar dos brancos o direito de
disputar, por igual, com os negros as vagas em cursos de várias Universidades, como
também o direito que os brancos têm de ter as mesmas facilidades e
oportunidades que os negros têm em inúmeras Universidades. Esse fator faz com
que surja outra problemática, pois com o objetivo de ingressar em cursos
públicos, com facilidade, muitos brancos e negros (que afirmam ser morenos
claros e não negros) estão declarando, por escrito, que são negros, isto é,
descendentes de negros. Interessante isso não é? Quando se trata de um
benefício, muitos negros e brancos se declaram negros, por escrito, não é nem
moreno-claro, mas negro mesmo, no entanto quando se trata da própria
identidade, muitos respondem para o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística) que são morenos claros. É meu caro Brasil,
tu tens pela frente uma longa jornada, se queres que um dia seja, realmente, “um
país de todos”, porque, ainda, é “um país para poucos”. Será que vai mudar essa
situação um dia? Acho difícil, porque a maioria da população está mais
preocupada com a própria vida (casa, marido/esposa, salário, trabalho, filhos,
contas, diversão, programas de TV, rádio e jornais), estes fatores que distraem
a atenção da sociedade brasileira, é isso que os governantes querem, uma
sociedade muda, surda e cega quando se trata dos problemas sociais.
Finalizando: eu sou negra, amo e valorizo minha cor, e não a nego,
porque ela é a minha identidade. Sou descendente de negros, os quais fazem
parte da história do nosso Brasil, assim como os brancos e os índios. Reitero,
valorizo nas pessoas o caráter, humildade, honestidade e sinceridade, e não a
sua COR, e muito menos a CONDIÇÃO FINANCEIRA.
MOURA,
Clóvis: Sociologia do negro brasileiro. São Paulo: Ática, 1988.
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